A História do 25 de Abril de 1974 – A Revolução dos Cravos

A História do 25 de Abril de 1974 – A Revolução dos Cravos

A Revolução do 25 de Abril de 1974 é um dos eventos mais marcantes da história contemporânea de Portugal. Foi um golpe militar que resultou na queda da ditadura do Estado Novo, pondo fim a 48 anos de regime autoritário e abrindo caminho para a democracia e a liberdade no país.

Antecedentes Históricos

Portugal vivia, desde 1926, sob um regime ditatorial. Inicialmente com a Ditadura Militar, e, a partir de 1933, com o Estado Novo, liderado por António de Oliveira Salazar. Este regime caracterizava-se por uma forte censura, repressão política, ausência de liberdades civis e a manutenção de um império colonial em África.

Depois de Salazar ser afastado por motivos de saúde em 1968, Marcelo Caetano assumiu a liderança. Apesar das expectativas de alguma abertura, o regime continuou autoritário, com pouca margem para liberdade política e sem resolução para o problema colonial.

A Guerra Colonial

Um dos principais fatores que precipitaram a revolução foi a Guerra Colonial (1961-1974), travada em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau. A guerra consumia enormes recursos humanos e financeiros e causava grande desgaste à população e às Forças Armadas. Milhares de jovens eram recrutados para combater em África, muitas vezes sem acreditar nos objetivos do conflito.

O Movimento das Forças Armadas (MFA)

Em resposta ao descontentamento crescente dentro das forças militares, surgiu o Movimento das Forças Armadas (MFA), constituído maioritariamente por capitães e oficiais de baixa patente. Estes militares não só se opunham à continuação da guerra, como também desejavam uma mudança política em Portugal.

O MFA organizou secretamente um plano para derrubar o regime. O movimento era bem estruturado e contava com o apoio de vários setores da sociedade civil.

A Revolução

Na madrugada do dia 25 de abril de 1974, os militares do MFA avançaram para Lisboa a partir de vários pontos do país. A senha para o início da operação foi a canção “Grândola, Vila Morena” de Zeca Afonso, proibida pelo regime, que passou na rádio às 00h20, sinalizando que a operação estava em marcha.

Sem grande resistência, os militares ocuparam pontos estratégicos como o aeroporto, a Emissora Nacional, os quartéis e os centros de comunicação. O regime colapsou rapidamente. O ditador Marcelo Caetano refugiou-se no Quartel do Carmo e acabou por se render ao comandante Salgueiro Maia.

O povo saiu à rua para apoiar os militares. Em vez de violência, os soldados foram recebidos com cravos vermelhos, que acabaram por simbolizar a revolução.

Consequências Imediatas

Com a queda do regime, instaurou-se o Governo Provisório, liderado por civis e militares. Foram libertados os presos políticos, abolida a censura, legalizados os partidos políticos e marcadas eleições livres.

O Processo Revolucionário em Curso (PREC)

Entre 1974 e 1976, Portugal viveu um período turbulento de transformação política e social, conhecido como PREC – Processo Revolucionário em Curso. Este período foi marcado por intensos debates ideológicos, nacionalizações de empresas, reforma agrária e tentativas de golpes, tanto da esquerda como da direita.

A Constituição de 1976

Em 1976 foi aprovada a nova Constituição da República Portuguesa, que consagrou os princípios da democracia, os direitos humanos e o Estado de Direito. Realizaram-se também as primeiras eleições legislativas democráticas.

Legado

A Revolução dos Cravos transformou profundamente a sociedade portuguesa. O país tornou-se uma democracia moderna, com liberdade de expressão, de associação e de imprensa. Portugal também iniciou o processo de descolonização das ex-colónias africanas e, em 1986, aderiu à Comunidade Económica Europeia (CEE), hoje União Europeia.

Conclusão

O 25 de Abril é celebrado todos os anos como o Dia da Liberdade. Mais do que uma mudança política, representa a conquista dos direitos fundamentais pelos portugueses. É uma data de memória, mas também de compromisso com a democracia e a cidadania.